A forja do metal.
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É preciso se esvaziar, deixar o fluxo constante de pensamentos aglutinados se desamontoarem e sair, escoar é necessário ou improvável mas solucionável, desdenhe do puro sangue com seu charme opressor, que vivi em uma mansão bem além do alcance de seus olhos, que mantém suas milhares de mãos tentando tapar nossas bocas que ao se manifestarem encontram respostas para todas as desculpas esfarrapadas, ei seus inconvenientes vejam, lá mais adiante estão todos os contornos até então intransponíveis do aço eletrificado, que mantém as suas palavras em campos de concentração.
Inadvertidamente calculei seus passos, na tentativa de fuga intencional, eu esperei sorrateiramente minha vez chegar, se calcular cada passo vale uma batida de um coração angustiado, suor preso no poro, não escorre não, não demonstre meu cansaço, eu quero acabar logo com isso, nisso eu insisto, está pra nascer quem vai me dizer que não eu não posso saltar pelas cercas e me fazer livre das amarras, antes disso acontecer eu fui dependurado pelos pulsos, meus pés estão sobre o encosto da cadeira a girar, se os seus dedinhos escorregarem você já sabe acabou, alguém sorri debochadamente no canto escuro da sala, soltando a branca e acinzentada fumaça do seu cigarro em direção aos meus olhos, claramente me falou em escárnio.
Fugir era uma questão de tempo, que me pus a medir através da ampulheta relógio fazendo tic-tac, mentalmente atravessei paredes solidas erguidas pelo medo, tens certeza de que não virás comigo essa é a noite, essa é a noite, tem que ser, esta sem duvida alguma foi a maior expressão de amor que alguém já teve por um semelhante em toda nossa vida, pois bem medíocre é esperar, avancem mesmo que isso custe seus braços e pernas, ah o arraste puxão imposto pelos tornozelos, um grito de ódio animalesco ecoa por todas as direções o que mais me arrepia é tua maldade, ei vilão quero ver você fazer isso comigo, agora, um contra o outro, mano a mano, esqueça a forja do metal.
Sem mencionar o rancor, nadamos contra a correnteza firmemente, diariamente e a cada nova batida de braço eu tomo mais fôlego eu vou sobreviver, sim eu consigo, eu preciso respirar, se eu consigo nós conseguiremos, vou elevar a conjugação do verbo ao coletivo, pois quero que todos saiam vivos deste lugar. No cardume eu me reencontro, me misturo e cavo profundo onde existir a translucida aguá límpida ela escorrerá pelos meus dedos e lavará meu rosto, vivo dentro das milhares de cicatrizes quase curadas eu sou um enxame que protege e ferroa vigorosamente, quem tentar adentar em seu reino e sua rainha domar, eu tomei antibióticos a minha vida toda, então quais são as causas da minha doença, se é que tem cura, se é que é doença, se é que é humana, sim é preciso se esvaziar de tudo e de todos os farmacológicos que te modificam geneticamente, porque não é justo carregar tantas bulas, tantos frascos vazios dentro de si mesmo!
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